domingo, 25 de julho de 2010

poema anti-azul

Esse azul mais que tingente
manchado  de laranja
laranjas de cor pungente
gritando teu riso

Vejo erguer ao ápice
teu seio já duro, rijo
E tua mão escorre
às cavas de meu rosto

Então levas de mim todo afago
sussuras no ouvido coisas poucas
esconde todo riso, me deixa louco
e vai-te embora levando as roupas

Mas esse azul pleno de céu
não há de cantar impunemente.

Questão

Por que é que a gente acredita que ainda pode mudar o mundo
ou fazer alguma coisa simplesmente escrevendo?
Quem  mundo será salvo?
O de fora ou de dentro ?

domingo, 11 de julho de 2010

Oceano

Destes por símbolo o tirso e o mar revolto
a repartir-se em diamantes
a fragmentar-se em mar e cores
e justo assim, não te mato,
não consigo matar-te
na nascente que sou

e por isto, como maré
corres afluente em meu corpo
domína-me, fico a teu controle
e por isso despejas este véu
de brancura vívida
na foz do que sou
e por isso tens e contornas a mim: oceano

sobre a mesa

sobre a mesa
deixo a chave
sobre a clave
do meu peito
descoberto
tudo é receio
tudo é regresso
no deseje pouco
de esquecer tudo
reparto em mim
meios e afins
para refazer
de cada instante
pensamento
inconstante e vasto
que a tudo perde
e que tudo causa
repartido e solo
como água ao chão
perde sua natureza
são divindade de mar
e vai, rumo ao céu
rumo à volta
de volta ao mar
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