segunda-feira, 15 de junho de 2009

clima de mistério

Nos últimos dias uma aura de mistério vem tomando conta de mim. Estava lendo qualquer coisa quando tudo isso começou. A primeira pista para o grande mistério foi apenas um nome que, essencialmente, nada acrescentaria à minha leitura. Ao menos era o que eu pensava. Estava lendo sobre o culto agrário de Deméter, e suas relações com a religião de Apolo, quando o autor do ensaio elevou o nome de Mitra e o mitraísmo. As religiões de mistério eram comuns na antiguidade, pois ofereciam algo que podemos chamar de “instrução para a alma”, ao passo que a religião cível tinha em seus festivais eventos mais ligados à polis em si. Mas acontece que Mitra é um deus persa, que estaria ele fazendo ali, foi o que pensei de início. Fechei a pasta e me decidi a embrenhar-me no assunto.
Mitra talvez tenha entrado em contato mais íntimo com a Grécia através das Guerras Pérsicas, período no qual as relações entre Xerxes e a cultura persa estava em um contato mais próximo com a grega. Penso eu que, alguns aspectos do culto de Mitra, bem como a religião de mistérios de Mitra, o Mitraísmo, de alguma forma incorporou-se ao culto de Apollo e lhe agregou novos elementos. Conta o mito que Mitra tivera matado um touro e é nessa situação que ele a maior parte das vezes é representado. Alguns especialistas referem-se a isso como um sacrifício, ou uma purificação da terra para a colheita. Algo semelhante ocorria com o sacrifício de cabras à Dioniso, em restituição à videira que tivera sido devorada pelas cabras durante o período de engorda dos caprinos. Mitra tinha um culto muito ligado à terra, à agricultura, como aliás, também é peculiar a muitos ritos e religiões de mistério, inclusive os de Eleusis.
Tudo isso me fez lembrar de Apolo, pois foi justamente no dia do Thargelia que todo o clima de mistério começou a aparecer. De repente o nome ou a silhueta “mistério” se entranhava em todos os lugares. Não havia geografia que ele não ocupasse. E foi tudo um grande caminho: de Deméter, passando por Dioniso, Afrodite e Mitra, até chagar a Apollo, o começo e fim de tudo. E tudo isso precisamente no dia em que começo os festejos de Hérakles. Não é nada que esteja no calendário, mas apenas um momento que escolhi para me purificar dos miasmas e poder me apresentar de forma mais leve perante os deuses. Não sei onde esse clima de mistério vai parar, mas sei que há muita coisa por acontecer, e esse, penso eu, é o grande mistério: o enigma das reticências. ∞
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