quinta-feira, 30 de julho de 2015

Madrugadas

I
Fustigado em silêncio
entrego corpo e vida
ao colo do leão reticente

Palavra resvalada
desabotoo verso a verso
cada sílaba rara

II
Toco e adentro fio a fio
o doce cheiro da madrugada
o sopro do vento curto e frio

Ao som cristal da chuva
deita à minha calma
a pele embriagada

III
Em suas mãos
vejo fluido cheiro graça
movimento desfeito em vão

Atento meu olhar sereno
sobre teu corpo assim tocado
e soberano plano sobre tua alma

IV
Em tua pele me demoro
e suave dedilho
tropeço e roço

A converter ritmo em som
teu corpo no meu mesmo
como um só

(29.07.2015)
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