sexta-feira, 13 de maio de 2011

A nuvem radioativa

O chá das 5 é o meu momento Balzac no dia. Sento no meio das xícaras e canecas, cafés e sucos vou entre um gole e outro escrevendo coisas e reescrevendo tantas mais. Bebo memórias que me engasgam como fossem biscoitos de barro. E entre um passo estático e outro, fico por testemunha das trocas de cores que a tarde carrega, tanto mais num dia quase-sol, quase-chuva como são estes de fins de Outono enquanto sou eventualmente convocado a fingir normalidades. Mas ao fim da tarde, como sempre, hão de olhar-me estranhamente, vou pensar que estou mais uma vez com a boca suja de tinta, ou com lápis na boca, então fingirão rir excentricidades e esquecerão, enquanto eu ignoro e volto a assumir na cobertura minhas excentricidades e labutar as palavras nos porões de um 13 de maio. 

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Katembe II

minhas bonecas de pano
são versos
vestidos de oceano.

Justificativa da ação

Escrevo em hífens
porque a palavra
em mim

é ponte para as coisas

e há no dizer
qualquer coisa de olhar.

Incantios

Ó N'goma. meus olhos pretos
e tuas mãos também pretas luzidouradas 
saúdam a aurora de novos dias, N'goma, N'goma.




****


Silêncio.


escuta a passagem do mar 
é nesse instante que o velho oceano espalha suas belezas
e a velha sapiência de quem já viu e que tudo é.




****
E se leve o tempo leva-nos, 
então que nos leve em bom tempo 
como o vento destes dias de sol colorido-alegria.


****


O menino sentou e após horas frente ao papel deu por arte um só rabisco. Não era um traço tão somente, era uma possibilidade

Herança

Quero de ti apenas as palavras
todas as palavras. 


Letra por letra 
desenho-te em meu corpo 


uniVerso.
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