sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Saudades

Sim, eu me perdi na chuva
não foi bobagem, não foi engano
foi saudade


***

Isto que escrevo com todos os carinhos
e que rejeitas, deixas de lado com desdém
não são palavras apenas.
São beijos, são saudades.


***

Diz-se assim dessas chuvas,
com muitos erres e tudo mais
Essas que consomem todos os alfabetos
e molham até a lama, até o útero da terra
Não é chuva, amor, é saudade.

***

Vou na chuva
e não me olhes
tudo isso que me envolve
água, vento, névoa
folha lama ou treva
se preciso for
me envolve
não é só a chuva
que lenta e fria cai
é esse teu riso
flor do Índico
É esse teu frio
me envolve
não me olhes

Marujo

nada se vê no além mar
não vem nada do além fronte
mas os ventos que pairam sobre nossa face
                                               
                                                como fala
                                                  e se fala
                                       cala como água

iluminam
sangram
contemplam
 
a nossa estada
essa marcha do mar 
à terra e volta o mar

no além tempo
no além mar
no além fora

É o fronte, é o mar
ladeados e separados
entre aqui e lá

Sei que és tu que sobes a colina
mas é meu velho corpo que atento
cruzo o oceano para te buscar

               e cá estamos
vivos apesar do tempo
  vivos apesar da hora.
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