terça-feira, 10 de janeiro de 2017

O amor tem aquele cheiro de perfume barato que minha mãe usava depois de pentear meu cabelo nas manhãs em que podia me levar à escola. Residia algo como de segredo naquela marca sem marca que fica na bochecha de quem acorda cedo pra dar o banho e cozinhar, mesmo a despeito do cansaço e da jornada semanal de exploração onde seu corpo era mastigado. Lembro, não sem fazer cair uma ou duas lágrimas me escorrerem pelo rosto, da sua aparente realização ao ver nossos cabelos penteados, as bochechas gordas e a pele morna da noite dormina e do próprio sonho abdicado em favor de nos ver acordar dez minutos mais tardes. O amor tem esses aromas e lembranças de uma manhã qualquer de terça-feira.

Em meu corpo, esses cheiros e cores sem marcas lembram a altivez de uma casa turmalina a todo instante desmontando os limites da palavra saudade.
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