sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Balada do lado sem luz

 

Hoje por acaso fui encontrado por essa música do Gilberto Gil interpretada pela MAria Bethânia na época dos Doces Bárbaros e fui tomado. Amo a Bethânia, mas nessa é poca em especial ela é fantástica! Gosto muito daquele olho com manchas pretas e profundas como que um meteoro que cai sobre os cabarés, aquele cabelo sem preguiça, todo espontâneo. As mãos firmes e seguras como quem ama. Gosto de toda essa explosão mútua de sentimento e liberdade, ainda que cativeira.
 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Casto

As vezes eu olho pra mim e choro. Choro como quem vê um cadáver e chora. Mas chora não pela morte, mas pelo pedaço que falta. Eu choro pela ausência, pela falta e pelo oco. Eu choro pelo que não há mais, e pelo que não volta.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Linha de pensamento

amor
humor
rancor
feridas
dor


uma linha simples
amarrada por pequenas falhas
pequenos gestos
pedaços de egos e fatos
tudo tudo muito gasto.

como uma faca velha
cega e desfalcada
rasga a pele e fria
adentra a alma
desfazendo-a parte por parte

amar já não basta mais pra qualquer pessoa civilizada que deseje sobreviver.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Quinteto IX

A sua sombra eu não quero ver
a sua voz eu não pretendo ouvir
que é pra acabar com esse prazer sádico
e tolo de gostar de alguém
mesmo que seja você

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Quando eu era criança, vez ou outra como passeio tinhamos a praia aos domingos. Lembro que ao chegar em casa, já vermelho e ainda cheio de areia, sentia as ondas do mar dançando em meu corpo. Sinto saudade dessas coisas, e às vezes parece que o mar me tomou o corpo embora e ainda não devolveu. Se o corpo não foi, e ainda está em mim, sinto falta de algo. Talvez fosse um pedaço de minha alma, que com certeza está lá, não sei por quais motivos ou processos, mas certamente está lá. Os cientistas dizem que é lá que está 80% da vida na Terra, talvez mais ou menos disso é o que a água, e o mar em princípio nos ensina. Metade de mim e é água, e outra metade é terra. E talvez eu seja lama porque Touro (terra e água) e Coruja(ar e água)  mistiram-se. Antes de eu ser o que sou, eu fui algo que já não me pertence.
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