terça-feira, 10 de março de 2009

Capítulo II


Ele debruçava-se sobre a mesa a fim de assimilar, por mais que falsamente, a intenção do texto expresso no volume. Tão falsa quanto o interesse eram seis resultados. Mas tentava. Tentava e não sabia por quê. Cansava-se facilmente. Olhava a janela no afã de recobrar a força.
Janela à fora via tudo aquilo a que resistia: crianças, plantas, barulho. Mantinha a janela sempre fechada. Como sempre, hermeticamente fechada, quase vedada. Por ali não passaria qualquer ruído que fosse. Até o momento funcionava de maneira eficaz.
Odiava porque amava. Havia em tudo aquilo um momento, breves instantes de saudade. O mover das folhas: calmo e sutil; as crianças: agitadas e frementes. Contrastes complementares. O saudosismo lhe penetrava a mente.
Era domingo. Sol e luz. As crianças tomavam banhos de mangueira nos gramado frente a suas casas e lhe transformava o chão em poças de lama marrom-tristeza. A fim de preencher um tom de cor que já não havia em sua palheta ou em sua vida. Preenchia a casa com flores: as mais belas. Tentativa ? Certamente.

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