domingo, 24 de maio de 2009

Um ano depois

Exatamente há um ano atrás eu comecei aquele que seria o pior dia do ano. O dia em que fui abandonado. Desde esse dia um afluente de tristeza começou a descarregar em mim. De tanto chorara acabei ficando doente, coisa muito rara.
Talvez eu seja mórbido, ou um tanto sádico, mas foto é que há alguns dias eu esperava ansioso pelo dia de hoje apenas pra dizer essas coisas. Mas as coisas mudaram. Aliás, elas têm a incrível capacidade de mudarem, e isso é mais que esplêndido. Hoje, um ano depois, vejo mudanças positivas. Encontrei pessoas mais valorosas, aprendi mais, intelectualmente, moralmente e socialmente. Convivi com pessoas dos mais diferentes círculos, adquiri novas habilidades, perdi algumas. Mas o essencial é que eu passei do estado de colocar a culpa em mim mesmo pelos erros que eu não houvera cometido, e na pré-posição desses erros eu me acertei. Eu cresci, mas não num estilo “olhos nos olhos”: ‘quando você me quiser rever/ já vai me encontrar refeita/ pode crer / olhos nos olhos quero ver o que você diz/ quero ver como suporta me ver tão feliz’, mas sim em um estilo ‘no final tudo dá certo de algum jeito’ como diz a Zélia Duncan, mas o essencial é que eu tomei autoconsciência de uma coisa que eu já sabia: o melhor sempre acontece, mesmo que não seja aquilo que nós imaginávamos. Pode parecer estranho, mas a meu ver é o que há de mais lógico e coerente, pois no afã egoísta de querer que as coisas sejam como nós queremos que elas sejam, acabamos nos distanciando um pouco do essencial à nossa humanidade, que é a nossa natureza fluvial e terrestre: emoções e raízes.
Um ano depois do Felipe cometi muitos erros. Principalmente o da burrice, que por vezes se disfarça de habilidade, de maestria, mas não foi o meu caso. Foi pura burrice, no afã de querer o que desejava, eu acabei atropelando minha intuição. Não vou dizer que “isso nunca mais vai se repetir, porque eu tomei vergonha na cara” porque acho uma medida um tanto precipitada. Vou dizer apenas que aprendi a ser uma pessoa cem por cento coerente comigo mesmo. Aprendi a recusar artificialismos e falsidades além do necessário. Aprendi a reconhecer o que há de real nas coisas, mas acima de tudo aprendi que não sei tudo, mas que um dia eu senti tudo.
Não tenho pretensões saudosistas. Reconhece o respeito aos limites humanos imposto pelo provérbio de Sólon “considere o tempo”. Vi que há muitas incoerências no mundo, mas isso não é novidade pra ninguém. Sei que não adianta fingir quer elas não existem, mas acima de tudo sei que há um poder na imaginação, um poder de positividade, aquele poder peculiar a algumas pessoas que apesar de puxar para o solo o faz com um alegria estilo corrente elétrica! E isso não tem igual.
Conheci pessoas sensacionais, me aproximei de outras tão sensacionais quanto, porém que eu não via. E reaprendi a enxergar e a ver. Ver com todos os sentidos. Aprendi também a interpretar aquilo que vi, e posso até dizer que estou me habituando a uma sensibilidade que me é própria, mas que eu sincera e humanamente desconhecia em mim mesmo. Consigo, com simplicidade, tocar. E pra finalizar a conversa, sei que não sou do tipo aberto pra conversar a meu próprio respeito, mas esse texto é uma prova do meu maior orgulho: estou tomando consciência de mim mesmo e aprendendo a mudar aquilo que não penso ser coerente com aquele projeto que eu tracei para mim mesmo. Desenvolvi um vínculo maior com os deuses, e Eles voltaram a aparecer diante de mim, ou, mais provavelmente como penso, eu voltei a vê-Los como devo... Hoje, sempre a hora de dormir eu vejo Afrodite e Hermes, fugidos de Zeus e Hefesto sobre meu ombro a conversar peculiaridades da vida dos mortais como eu. Vejo Apolo em cada olhar ensolarado, e Ártemis em cada atitude honesta. Zeus sempre me aparece, seja na chuva ou na caminhada, e de Hermes então, esse mesmo não me abandona; fiel amigo, o mais próximo dos homens. Não tem frescuras com dizemos comumente.
Um ano depois só tenho a agradecer, e me desejar, mesmo que atrasado, um parabéns! Não com o uso irônico que faço mais que cotidianamente, mas com uma sinceridade de quem se reconhece como amigo de si mesmo.

0 folhas:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails