sábado, 5 de setembro de 2009

Sonhando com os deuses


É, os sonhos são uma esfere bem intimista e paradoxalmente universalista da condição do ser humano, no sentido de ser, não examente de espécie. Nas últimas semanas meus sonhos tem sido cada vez mais pertubadores, ou incogniscíveis.
Na última semana sonhei quatro vezes com Deméter. Normalmente isso não seria de se assustar, pois seria um fato comum. Mas é a exceção que constrói o significado. Hoje talvez tenha sido o estopim de todo essa pandemonia divina, de toda esse sequencial epifania.
Sonhei que estava num lugar rodeado de mata, pessoas iam e vinham , mas sem exatamente terem uma geografia. Eram sempre as pessoas do caminho, nunca as pessoas do lugar. Depois eu começava a percorrer a imensidão da cidade, do lugar,  era-me familiar aquela geografia. O caminho que durante quase um ano eu percorri resignadamente todos os dias. Porém, subtraiu-se a urbanidade. Ele voltou a um tempo em que não era mais ele. Era uma construção, um todo em elevação. As póucas casas que ali haviam eram como albergues e barracos. Então, andando por aquela deconstrução encontro uma série de relíquias.. tudo isso me lembrou a descida da deusa Inana, um mito de certa forma semelhante ao de Perséphone.
No mito "O Descenso de Inanna", a deusa desce por sua própria vontade ao reino dos mortos, onde Ela é morta e renasce. Assim, Inanna emergiu como uma deusa lunar, dona dos mistérios da vida e do renascimento, representados pela lua. Aqui Ela completa seu ciclo, tornando-se não só a deusa da terra e do céu, mas também do mundo subterrâneo.
 O mito conta sucessivamente como ela teve de abrir mão daquilo que a ornamentava, sete relíquias, para chegar até o Mundo dos Mortos. E foi assim que aconteceu comigo, porém em vez de abrir mão, eu encontrava as relíquias destroçadas. A primeira coisa que vi foram duas estátuas de Afrodite, aparentemente em gesso, uma ainda possível de restaurar, mas outra completamente destroçada. Eu peguei uma dessas. Após isso encontrei uma herma próxima a uma casa, ela estava toda molhada.  Eu a recolhoa. Essa foi a primera parte do sonho. A segunda parte eu me embrenhava em todo o caos da descontrução. E foi ali que tive quatro visões: meu irmão com a perna machucada, meus livors queimados, minha casa descontruida, e meus pronomes acabados.
Foi após tudo isso que eu chegava ao Mundo dos Mortos. E acordava, renascido, apesar de ctônico.

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