Lembrava de muita coisa, inclusive de um convite negado de viagem à Bruxelas. Então vestiu-se de homem de bem e foi vê-lo duas casas após a sua. Fez ressoar sua mão imposta à porta, apressado, até que ele ressurgisse da clareza branca da sala interna. Olhou cândido para a estranheza de quem abre a porta sem entender o motivo das visitas e esperou as palavras, o que não foi muito, quando o outro disse:
- Já que não gostas de Bruxelas, que tal irmos à Lua ?
- Impossível. Não podemos voar, como chegaríamos lá ?
Ele ficou calado, não esperava uma placa de negação a sua frente; no máximo uma risada e um abraço de saudade, o que não houve. Então, olhou para os pés, todo recolhido e perguntou sobre o almoço e a saúde. Respostas afirmativas dadas viu no silêncio um eco e regressou a passos pesados e dolorosos até sua casa, sem viagem à lua ou um abraço, apenas um olhar. Perdeu a geografia da casa e sem perceber passou a sua casa e outras mais, até que fosse pêgo pelo automóvel que virava a esquina.
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