repito desde menino
- os pés descalços sobre a terra,
saúdo a passos leves
o firme e o firmamento.
remorso já pequeno
tal desejo inconfesso
de ser árvore.
para ser, renuncio à caminhada
- privilégio e desatino.
me invento movimento,
fixo raiz em mim e de mim
exploro e penetro
o ventre escuro e frio da terra
com meus dedos em silêncio.
troco todos os olhos
desmonto a íris e me semeio
tronco
pele
arremedo sentimental
cicatriz e marca de amantes.
E de todo o resto, tudo que neste corpo
ora sobra, ora excede, ora não presta
que se faça flor, que se faça folha
milhões de singelas folhas
chorando orvalho
caindo outonos
eu -emente
a dádiva renovada
de conter em si o mundo
e fazer-se grande
aberto em abraço
desabraço
desabrocho
um dia serei árvore
e juntos floresta
(24,12.2015)
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