sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Ao sair das portas: os portais

No dia em que os sóis se escondem de nossa vida e tudo que brota perde um pouco da poesia dos dias eu resolvi que tudo estaria pronto. Acordei cedo. Sentei no meio do jardim,sobre a velha pedra onde ,outrora Marília sentava e tomava seu café. Refleti sobre o passar dos dias. Minha face já não era aquela a que havia me acostumado. O espelho cruamente mostrava o passar do tempo e as batidas do relógio se faziam cada vez mais evidente em meus dedos.Tomei meu café . Fui à sala e sentei-me. É... as ciosas não era mais como antes. Sobre o grande espelho da sala um bilhete delicademente embrulhado em um envelope gorduchinho de papel reciclado. O que faria ali ?? Desde a ida de Marília não me acontecia nada de incomum... era ela quem iluminava o dia com seu sorriso. Mas Marília já se fora e agora só me restava e eu aquele cara velho refletido no espelho.
Abri-o. Em letras douradas estava escrito " um moinho de versos , movido à boêmia , há de vir um dia quando tudo que eu diga seja poesia". Ah... ela havia me preparado uma armadilha. Ela sempre lia os livros do Leminsk e me jogava na cara o passar dos dias que tanto me amedrontava. Fazia-o de forma tão poética que meu peito esperava por aqueles momentos de sadismo. E agora ... por quem chamar ? Como pronunciar seu nome ?? Será que o espelho me revelaria a sua presença possível ,por detrás daquela película misteriosa ?
Chega de pensamentos. Vou-me embora ao trabalho.

0 folhas:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails