quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A chuva e os Cinamomos

" Escrever é que é o verdadeiro prazer;
ser lido é um prazer superficial".


- Virgínia Woolf




Após a discussão com o Barão de Filpus, a sra. Dolloway recolheu-se até seu quarto de estudos, sentou em sua poltrona comum. Pensava. Pensava na vida com a mesma simplicidade e esquecimento do tempo com que voam os pardais em toda sua banalidade. Indiganava-se com a indecadeza do Barão ao olhá-la daquela forma. Dizia para si mesma : indigesto! Onde já se viu ? Voltou-se para a porta, olhou a escada. A empregada passava , falou-lha, do alto da escada para que ouvisse.

- Por favor, Luzia, me traga o chá de gengibre.
Voltou à sua poltrona. Olhava a janela.
Pegou do lápis e papés; o velho bloca já estava em prévio têrmo. Começou a escrever a carta ao Barão:

" Caro Barão de Filpus,
esta carta é em resposta a carta que vosso mensageiro trouxe-me, há três dias, anunciando-me a sua visita; visita esta que me fizeste hoje.
Não gosto como se comporta. Não gosto como me escreve. Não gosto como me olha. Amo-te. E é por este amor, que por muito tempo exitei em escrever-lhe estas parcas palavras. Amo-te, mas sou egoísta demais. Quero minha vida só pra mim.
Vou lhe mandar , junto a esta, uma segunda carta, peço-lhe que assine. É o que gostaria de ler, é o que gostaria de ouvir, de lhe ver os lábios pronunciando-me. Sei que não é do seu desejo um contratempo assim, mas peço que me entenda.
Incomoda-me profundamente a não necessidade que tendes em respeitar as normas, ser cordial para com os convidados, mas , acredite: penso que todos lá gostam de sua pessoa; lhe respeitam e querem um bem profundo à sua arte.
Atenciosamente:



Clarissa"







Terminou a carta com o sentimento de resignação dentro de si. Sabia que era a coisa certa a ser feita.


A empregada, entrou pela quarto, com a bandeija de chá em branços. Pediu-a que chamasse o mensageiro. Colocou a carta em envelope. Sentou-se. Pegou a xícara e despejou-a um pouco de chá. Voltou a contemplar a janela, quando o mensageiro entrou.


- Entregue esta carta em mãos ao Barão de Filpus.


- Sim, senhorita. Apenas isto ?


- Sim. Pode retirar-se.




O chá entrou-lhe pela consciência. Sabia que era a coisa certa, mas ... estava certa ? Se dúbito deu-se conta do erro. Em verdade, a carta não se distinaria ao Barão, mas sim a ela mesma. Apressou-se em olhar pela janela. Viu o mensageiro a galope. Era tarde.


Rsignou-se em jogar fora o resto das folhas no bloco de papel e desceu as escadas para o jantar.

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